Com este trabalho, concluímos a nossa exploração do Purgatório de Dante, o cântico do meio da sua Divina Comédia. A Divina Comédia é um poema em que o autor, Durante Alighieri (Dante), relata uma visão onde viaja pelo Inferno, pelo Purgatório e pelo Paraíso. A nossa trilogia explora o Purgatório através de três óperas, interpretadas pelo mesmo conjunto em diferentes constelações e com diferentes instrumentos.
Nas duas primeiras partes, Dante esteve presente em cena quer como personagem, quer como autor. Em O Jardim do Éden, ele desaparece completamente. Em vez dele, sete músicos (violino, viola, dois violoncelos, sintetizador, guitarra eléctrica e ukulele elétrico) ocupam o centro do palco, apresentando e discutindo o Jardim do Éden de Dante e revelando as suas caraterísticas mais humanas – mesquinhez, entusiasmo, interesses pessoais e idiossincrasias.
Entre eles e o público, vários auscultadores de realidade virtual oferecem uma experiência imersiva em O Jardim do Éden. Estes auscultadores sem fios podem ser distribuídos entre os espectadores. As imagens de realidade virtual terão um tom severo e calmo, proporcionando um forte contraponto à discussão agitada e humanamente confusa no palco.
Musicalmente, uma voz de soprano tentará introduzir a discussão, mas os outros cantores interrompê-la-ão repetidamente, orientando a conversa para os seus próprios interesses. Tal como nas duas partes anteriores, a produção mistura sofisticação literária com humor. O estilo musical espirituoso e imprevisível de Matteo Fargion garante que o público é constantemente surpreendido e envolvido num estado de confusão lúdica.