Em single, cruzam-se dois tipos de singularidade: o individualismo próprio das sociedades tardo-capitalistas e o culto da personalidade de um estadista omnipotente. Sete indivíduos habitam um mesmo apartamento como se cada um o fizesse sozinho. À vez, cada um dirige-se ao público e fala como se fosse um serviçal do Imperador da Etiópia Haile Selassie. O conjunto dos testemunhos constrói um retrato do quotidiano do soberano. Para continuar a contar a história, os sete indivíduos vão tendo uma progressiva necessidade de interagir. Fazem-no sobretudo na medida em que representam acontecimentos do domínio político e designadamente a queda do Império.
Single partiu de dois textos: “Cell Block, Egospheres, Self-Container: The Apartment as a Co-Isolated Existence”, de Peter Sloterdijk, e O Imperador de Ryszard Kapuściński. O primeiro retrata os universos domésticos individuais construídos por aqueles que optam por viver sozinhos; o segundo conta a história da vida de Haile Selassie, em torno do qual a vida de toda a Etiópia se organizava.
direção Jorge Andrade ‧ a partir de "O Imperador", de Ryszard Kapuściński e de “Cell Block, Egospheres, Self-Container: The Apartment as a Co-Isolated Existence”, de Peter Sloterdijk ‧ com Anabela Almeida, Bruno Huca, Flávia Gusmão, Jorge Andrade, Marco Paiva, Miguel Damião/Hugo Bettencourt, Pedro Gil/Carloto Cotta e Tânia Alves ‧ cenografia José Capela ‧ figurinos José Capela, com execução (figurinos históricos) de Guilhermina Rocha Gomes ‧ som Rui Lima e Sérgio Martins ‧ produção Manuel Poças ‧ coprodução Citemor ‧ apoio Teatro Nacional D. Maria II, ZDB, Adidas, Letra Livre ‧
29 e 30 de julho 2010 ‧ Citemor 2010 (Montemor-o-Velho)
15 a 19 de dezembro 2010 ‧ Negócio (ZDB) (Lisboa)