Três amigas atrizes – Anabela Almeida, Cláudia Gaiolas e Teresa Ferreira – reúnem-se para preparar juntas um jantar. Os sons e diálogos produzidos durante a preparação coletiva do jantar foram registados e esse registo esteve na base de um guião: uma matriz de ações, objetos, sítios da cozinha, percursos e diálogos. A expressão “projeto de execução” alude a esse enunciado definido à partida (um projeto), alude também à estratégia de colocar em cena a experiência pessoal e íntima do jantar (a execução cénica) e, enfim, alude às receitas de cozinha, que determinam as ações a levar a cabo para obter um determinado prato. Projeto de execução, o espetáculo, é uma sucessão de tentativas de o fazer. Atribui-se sucessivamente prevalência a determinadas dimensões percetivas em detrimento de outras: ações sem corpo, espaço sem espessura, movimentos sem texto, etc. De entre os vários modos como o espaço é evocado, (são sobretudo projeções), usam-se sombras chinesas para que o público vislumbre alguns procedimentos da preparação de uma refeição que decorre efetivamente na sala de espetáculos e que vai libertando cheiro; é o bacalhau espiritual oferecido ao público no final da performance.
Em projeto de execução, distende-se calculadamente a ponte que une a realidade (o quotidiano, a intimidade) e a possibilidade da sua representação performativa. Uma deambulação teatral em torno de “as coisas elas mesmas”.
direção Jorge Andrade ‧ com Anabela Almeida, Cláudia Gaiolas e Teresa Ferreira ‧ síntese do texto Ana Maria Simões e Kitty Furtado ‧ colaboração coreográfica Miguel Pereira ‧ cenografia, figurinos e cartaz José Capela ‧ luz João d'Almeida ‧ coprodução Galeria Zé dos Bois ‧
4 a 21 de janeiro 2006 ‧ Negócio (ZDB) (Lisboa)