Os Justos, de Albert Camus, é um confronto de perspetivas éticas sobre a morte sacrificial que é motivada por um ideal de transformação do mundo. É, ou não é, legítimo matar para mudar o mundo? O debate divide os membros de um grupo de revolucionários na Rússia czarista, que prepara e leva a cabo o assassinato do Grão-Duque. No espetáculo da mala voadora, estabelece-se um paralelismo entre as tentativas efetuadas pelos membros do grupo terrorista no sentido de concretizar o atentado e as tentativas efetuadas pelo coletivo de atores no sentido de montar o espetáculo. O tema é enunciado através da projeção das definições de dicionário de ATENTADO, ATENTAR, INTENTAR, TENTAR e TENTATIVA. Depois, os atores vão-se apropriando do texto como é hábito ao longo de um processo de ensaios: exercitam a sua memorização, discutem-no (representam sentados à volta da mesa, como se estivessem, enquanto atores, a discutir o conteúdo dramatúrgico da peça), experimentam representá-lo; após a consumação do assassinato, a mesa é usada como um pequeno palco sobre o qual enfim se “faz teatro” (o tom é então grotesco). O texto do último ato é apenas projetado. Sem cenário, sem figurinos, sem técnica (luz e som) para além de dispositivos simples que os próprios atores operam, Os Justos foi a primeira encenação de Jorge Andrade, pela qual que foi distinguido com a Menção Honrosa do Prémio Madalena Azeredo Perdigão 2004, atribuído pela Fundação Calouste Gulbenkian.

texto Albert Camus tradução e adaptação elenco original direção Jorge Andrade com Anabela Almeida, Jorge Andrade (2013: Miguel Fragata), Pedro Carmo / John Romão, Pedro Gil e Pedro Martinez (2013: Wagner Borges) colaboração coreográfica Miguel Pereira som Sérgio Delgado cartaz e apoio dramatúrgico Susana Vaz fotografias de cena Susana Paiva (2004) e José Carlos Duarte (2013) financiado por Ministério da Cultura / Instituto das Artes apoio Fundação Calouste Gulbenkian, Câmara Municipal de Lisboa e Teatro da Garagem

datasdates

3 a 15 de dezembro 2004 ‧ Teatro da Garagem (Poço do Bispo) (Lisboa)

30 de novembro a 3 de dezembro 2005 ‧ Negócio (ZDB) (Lisboa)

5 e 6 de maio 2006 ‧ Teatro Viriato (Viseu)

14 de novembro 2013 ‧ Teatro Municipal Maria Matos (Lisboa)

5 e 6 de dezembro 2013 ‧ mala voadora (Porto)