BLOOD STORIES é uma série de espetáculos da mala voadora. Para cada nova edição, um artista de uma parte diferente de mundo junta-se a um de nós, e essa parelha compara os seus respetivos perfis genéticos. BLOOD STORIES evidencia que somos todos parte da história do mundo todo e que o ADN de cada um de nós, na sua singularidade, é apenas mais uma combinação de uma mesma massa genética, dentro de uma infinidade dessas combinações. No nosso corpo, condensamos as memórias de milhões de indivíduos de lugares e de épocas diferentes. Somos parte da matéria do mundo.

Em LIECHTENSTEIN BLOOD STORIES, Jorge Andrade junta-se a Christiani Wetter. O projeto parte, como todos os espetáculos da série, de uma comparação dos perfis genéticos de Andrade e Wetter. Vão tentar perceber como as histórias das suas famílias poderão ter-se cruzado no passado: em que viagens, em que guerras, em que aventuras, em que histórias de amor transnacionais. Mas, para entenderem as suas histórias, vão recorrer também ao Tarot. Pode considerar-se que o Tarot tem a ver com o espírito de BLOOD STORIES sobretudo se o entendermos como o psicólogo Carl Jung. As diversas figuras do Tarot são arquétipos: sintetizam um conjunto de imagens ancestrais que se encontram na nossa memória coletiva, sobrevivendo enraizados nos nossos inconscientes individuais. À maneira estruturalista, podemos considerar que essas figuras são um denominador comum a muitas culturas e, nessa medida, tendencialmente “universais”. Os nossos medos, desejos e preponderâncias de caráter podem assim ser identificados com as figuras do Tarot, por sua vez combináveis em conjunturas. Nesse sentido, Andrade e Wetter podem usá-las como instrumento de pesquisa dos seus passados.

O Tarot abre ainda uma outra possibilidade: uma aproximação às técnicas divinatórias através das cartas. As BLOOD STORIES poderão assim não se limitar ao passado, mas projetar-se no futuro. Se as ficções sugeridas pela ciência (a genética) são ficcionadas na deslocação para o contexto performativo que propomos, a ficção poderá assim ter uma continuidade especulativa, rumo ao futuro.

de e com Christiani Wetter e Jorge Andrade cenário e figurinos José Capela luz e direção técnica João Fonte assistência técnica João Dias produção Cláudia Teixeira e João Fonte

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23 de abril a 4 de maio ‧ Lisboa