Espetáculo final do grupo de teatro amador Radiostar, constituído por jovens do concelho de Santiago do Cacém.

A mala voadora propôs ao grupo trabalhar a partir de um clássico da literatura dramática ocidental: Rei Lear, de William Shakespeare. A peça conta-nos a história de um rei que pede às suas três filhas para lhe explicarem o quanto o amam e que, espantado com a resposta pouco previsível da mais nova, a expulsa do palácio. O final passa pelo arrependimento do rei e pelo retorno do amor do pai pela filha que, afinal, tinha feito uma declaração honesta e afetuosa. Trata-se de uma narrativa com precedentes diversos e ramificações também diversas, e que surge nas histórias populares de muitos países, em diferentes versões. Para muitos portugueses, por exemplo, é a história da “princesa que guardava patos”, transmitida pela Emissora Nacional em 1960, e fixada em discos de vinil – uma adaptação de um conto tradicional português feita por Odette de Saint-Maurice. “Filha de rei a guardar patos foi coisa que eu nunca vi, foi coisa que eu nunca vi”, ouvia-se cantar. Para outros, é a história que Alice Vieira escreveu sob o título Leandro, Rei da Helíria. O grupo trabalhou a partir deste conjunto de referências e criou a sua própria versão de um “Rei Lear”. É um trabalho de dramaturgia coletiva, partilhado pelos jovens amadores.