Sem que nunca antes se tenham conhecido, Garcin, Inês e Estela são condenados a permanecer eternamente fechados numa mesma sala, e a não encontrar uns nos outros senão uma infinita fonte de insatisfação. “O inferno são os outros”, resume Jean-Paul Sartre. Apesar de a natureza não-realista da situação sugerir que as três personagens morreram e estão num inusitado inferno, naturalmente Sartre pretende falar das relações entre as pessoas em vida. Aquilo que somos – o nosso “eu” – tem uma dimensão social; precisamos que os outros nos devolvam a imagem daquilo que somos como se eles fossem um espelho.
No espetáculo da mala voadora, a movimentação dos atores foi reduzida a um diagrama. Eles representam o seu papel de um modo realista, mas o corpo não acompanha essa convenção. Eles limitam-se a estar sentados num banco de espera com três lugares e, em transições de cena, a trocar de cadeira. E aguentam o calor dos projetores colocados à sua volta, ou pendurados a uma altura demasiado próxima das suas cabeças.
direção Jorge Andrade ‧ texto Jean-Paul Sartre ‧ tradução mala voadora ‧ com Anabela Almeida, Bernardo de Almeida, Jorge Andrade e Sílvia Filipe ‧ cenografia e figurinos José Capela ‧ luz João d'Almeida ‧ fotografia de cena José Carlos Duarte ‧
outubro 2009 ‧ Instituto Franco-Portugais (Lisboa)
21 a 27 de outubro 2009 ‧ Negócio (ZDB) (Lisboa)