A protagonista de tele-culinária fez um bolo confecionado exclusivamente com produtos nacionais – um bolo mesmo português, feito com Farinha Nacional. E quis que ele tivesse uma forma equilibrada, estável, tal como a sociedade que ela deseja: equilibrada e estável. Uma sociedade em que todas as pessoas se rejam pelos mesmos valores, comuns, enraizados na tradição e na História. Verdadeiros valores. Ela quer fotografar-se junto a ele para celebrar um atentado que preparou. Um manifesto. Uma reivindicação em nome de uma mudança política no país. Em cima do bolo, em creme de pasteleiro, será inscrito o número exato de vítimas, assim fixado com verdade e rigor, sem ser sujeito às habituais manipulações dos media. A fotografia deste bolo não chegou a ser tirada mas, na prisão, a mulher está mais otimista do que nunca em relação à mudança: há um comentador televisivo que, interessado em aumentar o seu protagonismo, está disposto a seguir a sua ideologia.
texto Chris Thorpe ‧ criação, tradução e interpretação Maria Jorge ‧ cocriação, vídeo e fotografia Rita Barbosa ‧ vídeo, luz e assistência de imagem A-Tundra ‧ direção técnica João Fonte ‧ apoio à criação Jorge Andrade ‧ direção de produção Pedro Jordão ‧ produção executiva Andreia Bento ‧ residência de coprodução O Espaço do Tempo ‧
28 a 31 de outubro 2021 ‧ Escola do Largo (Lisboa)
19 a 21 de novembro 2021 ‧ mala voadora (Porto)
13 de dezembro 2021 ‧ Teatro Municipal da Guarda