Em cena, três atores constroem um espetáculo. Discutem-no, ensaiam-no, vestem-se para o representar. Para além destes três artistas, outros profissionais estão em cena, executando tarefas que contribuirão para a realização do espetáculo: uma mulher passa figurinos a ferro, outra prepara os acepipes que os atores comerão na festa que irão representar, um homem pinta a parede que servirá de fundo a essa festa. Quando tudo está preparado, o elenco é subitamente aumentado e os trabalhadores transformam-se em espetadores do espetáculo, dentro do espetáculo. No final, um casal entra e inicia uma cena de sexo explícito, desviando a atenção do público – do público que assiste a 3D, porque isto passa-se nas costas dos trabalhadores que fazem de público dentro de 3D. Por sua vez, os atores representam para um público atrás do qual se passa a cena de sexo.

O público verdadeiro fica a ver um espetáculo de lado: com o “palco” à esquerda, o público (os trabalhadores) ao centro voltado para a esquerda, e o casal na cama à direita. O público verdadeiro fica face a um “teatro” mostrado como dispositivo (Foucault): quem vê e quem não vê; quem vê quem; quem controla o espaço e quem é controlado pelo espaço.

direção Jorge Andrade com Anabela Almeida, Bernardo Almeida, Bruno Huca, Jorge Andrade, Rita Seguro, Vítor Oliveira, Wagner Borges e, também, Emília Ferreira, Gracinda Oliveira e Tiago Rafael cenografia e figurinos José Capela fotografias de cena José Carlos Duarte produção Manuel Poças coprodução ZDB/Negócio e O Espaço do Tempo

datasdates

26 a 31 de janeiro 2011 ‧ Negócio / ZDB (Lisboa)